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O presidente do Conselho Nacional dos Procuradores-Gerais dos Ministérios Públicos dos Estados e da União (CNPG), Benedito Torres Neto, reuniu-se, nesta quarta-feira (3/10), com o missionário norte-americano Kenneth Bae, ex-prisioneiro na Coreia do Norte e presidente da ONG Nehemiah Global Iniciative (Iniciativa Global Neemias).

O encontro, realizado na sede do Ministério Público de Goiás (MP-GO), teve como objetivo discutir a defesa da democracia e dos direitos humanos no Brasil e compartilhar as experiências vividas pelo missionário cristão que, durante os dois anos em que esteve no campo de trabalhos forçados, teve seus direitos fundamentais violados.

Benedito Torres lembrou ainda que há pouco tempo houve manifestações no Brasil pedindo intervenção militar e essa movimentação causou preocupação no MP. "A grande riqueza de um povo é a democracia. Apesar de todas as dificuldades que enfrentamos, temos de defender nossa Constituição Federal e os direitos humanos, essa é uma das atribuições do Ministério Público brasileiro", afirmou o presidente do CNPG.

Em 2012, o norte-americano ativista dos direitos humanos foi acusado de tentar derrubar o governo norte-coreano e condenado a 15 anos de prisão e trabalhos forçados, por ter sido flagrado com um pen drive contendo informações do país e por, supostamente, estar pregando o cristianismo. Somente em 2014 o missionário foi resgatado pelo governo dos EUA.

Na reunião, Kenneth mencionou que seu julgamento foi feito em apenas uma sessão, de 90 minutos. Esse desajuste na justiça, segundo o missionário, é reflexo, inclusive, da má remuneração das autoridades locais, que recebem 1 dólar por mês, segundo ele. Para sobreviver, servidores públicos acabam se corrompendo. "É o país mais corrupto que conheço, esse é um dos efeitos de uma ditadura", afirmou.

O presidente do CNPG explicou que o Brasil comemora, neste ano, os 30 anos da Constituição Federal de 1988, que preserva os direitos humanos. "Apesar de nossa democracia ser muito nova, precisamos ter cuidado, especialmente em momentos sensíveis. Esse cuidado é a preocupação do Ministério Público brasileiro", afirmou.

Desde que foi libertado, Kenneth se dedica a prestar auxílio a refugiados provenientes da Coreia do Norte, país que, segundo ele, promove uma perseguição religiosa contra cristãos.

Além de sua atuação à frente da ONG Nehemiah Global Iniciative, Kenneth tem testemunhado sobre os abusos que sofreu e a falta de liberdade no regime norte-coreano a diferentes veículos de comunicação e em conferências. No dia 20 de fevereiro deste ano, o norte-americano proferiu discurso na 10º Cúpula de Genebra sobre Direitos Humanos e Democracia.

Participaram da reunião entre o presidente do CNPG e o ativista um grupo de integrantes do MP de Goiás: o subprocurador-geral de Justiça para Assuntos Jurídicos, Sérgio Abinagem Serrano; a ouvidora, Orlandina Brito Pereira; o coordenador e a subcoordenadora do Gabinete de Planejamento e Gestão Integrada (GGI), José Augusto de Figueiredo Falcão e Alice de Almeida Freire; o diretor da Escola Superior do MP, Flávio Cardoso Pereira; os coordenadores do Centro de Inteligência e do Gaeco, Denis Bimbati e Thiago Galindo; os coordenadores do Grupo de Controle Externo da Atividade Policial (GCEAP), Leandro Murata e Paulo Parizotto; a coordenadora das Promotorias da Capital, Carla Fleury; os promotores Miryam Belle Falcão e Cássio Sousa Lima, e os servidores Domício Nunes de Carvalho e Ivonete Rodrigues de Souza. (Texto: Melissa Calaça - Estagiária da Assessoria de Comunicação Social do MP-GO/ Supervisão: Ana Cristina Arruda - Fotos: João Sérgio)

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