Captura de Tela 2021 08 04 às 15.25.43Nesta quarta-feira (4), a presidente do Conselho Nacional de Procuradores-Gerais dos Ministérios Públicos dos Estados e da União (CNPG) e procuradora-geral de Justiça do Ministério Público do Amapá (MP-AP), Ivana Cei, participou de audiência pública na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados, para debater a proposta de emenda à Constituição que altera as regras de composição do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), a PEC 05/2021, de autoria do deputado Paulo Teixeira(PT/SP).

A presidente do CNPG apresentou a síntese das mudanças sugeridas pela PEC: permitir que ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Superior Tribunal de Justiça (STJ) possam integrar o CNMP nas vagas destinadas a juízes; retirar uma das vagas do MP, a MPDFT e transferir a escolha desse membro para o parlamento, podendo ser de qualquer ramo e sem apreciação da instituição; possibilidade para qualquer Conselheiro do CNMP, seja do MP ou representante externo, concorrer ao cargo de Corregedor Nacional.

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WhatsApp Image 2021 08 04 at 12.55.18 3“Trago inicialmente ao debate a impropriedade do texto da PEC ao suprimir a vaga do MPDFT dentre aquelas reservadas aos ramos do Ministério Público da União, repassando o seu assento, por conseguinte, para concorrência geral entre a quota das 3 (três) cadeiras reservadas aos MPs estaduais", iniciou a presidente. 

Ivana Cei também argumentou que essa sugestão de mudança contraria o desenho orgânico do Ministério Público previsto no art. 128 da Constituição, o qual divide o Ministério Público brasileiro em dois grupos distintos: de um lado, o Ministério Público da União, que engloba o Ministério Público Federal, o Ministério Público do Trabalho, o Ministério Público Militar e o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios; e de outro lado, por sua vez, os Ministérios Públicos estaduais. 

Essa situação de vulnerabilidade do pacto federativo no plano institucional do Ministério Público, explicou a presidente do CNPG, ainda se agravaria diante de outra pretensão da PEC, a de incluir mais um representante da Câmara dos Deputados e do Senado Federal no CNMP, em vaga a ser preenchida em regime de alternância. 

"Nesse aspecto, portanto, uma forma de aperfeiçoar o texto da PEC é condicionar a indicação das Casas Legislativas a membro oriundo do MP dos Estados, o que garantiria paridade na representatividade do MP brasileiro, já que, dessa forma, a composição do CNMP contaria com quatro membros dos ramos do MPU (contando com a atual vaga do MPDFT) e outros quatro membros do MPE", sugeriu.

Se a sugestão for acatada, com inclusão de mais um membro do MP, equipararia também a composição do CNMP à do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão similar da estrutura do Poder Judiciário, que possui paridade de regime jurídico com o Ministério Público. Ambos os Conselhos passariam a contar, assim, com 15 integrantes, corrigindo-se, inclusive, uma distinção que hoje não se justifica. 

Quanto a mudança no critério de escolha do corregedor nacional, Ivana Cei destacou  que não há qualquer precedente na ordem jurídica brasileira de cargo de Corregedor-Geral ou Nacional exercido por agente externo ao órgão correicionado.

“Pela natureza das atividades desempenhadas pela Corregedoria, o exercício da função de Corregedor Nacional demanda experiência, conhecimento e vivência da rotina do Ministério Público, da atividade a ser fiscalizada e correicionada e da estrutura e realidade do Parquet. Bem por isso, é inimaginável cogitar que o Corregedor Nacional do Ministério Público seja pessoa alheia à carreira, situação que tampouco se afina com a ideia de autonomia”, reforçou.

Já o presidente da Associação Nacional do Ministério Público Militar, Edmar Jorge de Almeida, apresentou dados da atuação da Corregedoria do CNMP, demonstrando a produtividade e eficácia no trabalho de correição do órgão de controle, no período de 2005-2020. “Mesmo com menos membros, foram abertos 237 processos disciplinaresCaptura de Tela 2021 08 04 às 13.02.06julgados 212, aplicadas 138 penalidades. Números muito superiores aos verificados pelo órgão de controle do Judiciário". 

Em sua fala, o presidente da Associação Nacional dos Membros do MP (Conamp), Manoel Murrieta, falou que participava daquela audiência na certeza de que se  buscava a melhoria do Ministério Público Brasileiro. 

“Em nome dos 16 mil membros do MP digo que não trazemos aqui uma visão classista ou corporativista, trazemos a voz de uma expectativa de que o MP e o CNMP saiam daqui mais fortalecidos. O povo brasileiro tem uma expectativa em nossa instituição, pelo seu fortalecimento no combate ao crime, na defesa da sociedade, e que tenha força e importância para defender a democracia, como quis o constituinte originário. Infelizmente, as propostas dessa PEC não trazem solução para evoluir nesse sentido", lamentou Murrieta. 

A audiência pública, conduzida pelo presidente da Comissão, deputado Eduardo da Fonte, durou mais de três horas, com exposições e debates. Todas as colaborações deverão ser colhidas pelo autor da matéria.

Participaram, também, a Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), a Associação dos Procuradores do Trabalho (ANPT), a Associação do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (AMPDFT), e a Associação Nacional do Ministério Púbico Militar (ANMPM), Associação de servidores do MP e parlamentares da CCJ. 

 

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Texto: Ana Girlene Oliveira

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