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BELÉM: CAO Criminal participa de ação em alusão ao Dia Estadual do Movimento pela Vida e Paz

O coordenador do Centro de Apoio Operacional (CAO) Criminal, Ivanilson Paulo Corrêa Raiol, participou hoje, 10, de ação social realizada na praça do Operário, bairro de São Brás, em comemoração ao 1º ano do Dia Estadual do Movimento pela Vida e Paz. O promotor de Justiça atendeu algumas demandas na praça e recebeu denúncias de casos que ainda estão sem solução.

Durante o evento o promotor de Justiça Ivanilson Raiol ressaltou que o Ministério Público do Estado não podia deixar de estar ao lado do Movimento pela Vida (Movida) neste momento, apoiando essa ação e estava muito grato por participar e poder ouvir a população. O Movida surgiu há 6 anos, na capital Paraense, fundado por Iranilde Russo com o intuito de lutar por Justiça e Paz em prol de pessoas inocentes vítimas da Violência e da Impunidade.

“Acredito que movimentos como esse contribuem, sim, para chamar a atenção para a sociedade que queremos para nós e nossos filhos e nós do Ministério Público nos colocamos à disposição. As portas da instituição sempre estarão abertas, por que isso não é favor. Eu tenho bem claro isso, pois nós recebemos do povo, os nossos salários vem dos impostos, dos tributos e não é favor nenhum que o agente estatal faz quando cumpre suas obrigações. É apenas cumprimento do dever, eu recebo pra isso, então eu tenho que retribuir, por isso sempre estaremos de portas abertas para vocês”, afirmou Raiol.

Quem participou das ações de cidadania promovidas pelo grupo Movida pôde emitir novos documentos como RG, Título de Eleitor e Certidão de Nascimento. Além da documentação, também puderam realizar exames de glicose para identificar Diabetes e verificar a pressão arterial.

Houve ainda uma apresentação do Corpo de Bombeiros em conjunto com o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). Eles fizeram uma simulação de atendimento pré-hospitalar em pessoas acidentadas de motocicletas. Logo após, ocorreram apresentações culturais como capoeira e peças teatrais.

Ao final da ação estava prevista uma caminhada, com concentração às 16h e saída às 17h da praça do Operário. A rota seguirá pela avenida Almirante Barroso, travessa do Chaco, avenida João Paulo II e terminará na travessa Maurití, bem em frente ao local onde o jovem Carlos Gustavo Maia Russo foi morto, em 10 de janeiro de 2005, quando fugia de uma perseguição policial. A mãe de Gustavo, Iranilde Russo, uma das fundadoras do Movida, coordenou a ação promovida hoje.

Denúncias

O promotor de Justiça Ivanilson Raiol conversou com algumas pessoas que estavam presentes na ação do Movida e recebeu denúncias de casos que ainda estavam em andamento ou sem solução.

Foi o caso de Maria de Nazaré Meireles Figueiredo, que perdeu o filho César Meireles Figueiredo, 30, portador de esquizofrenia maníaca depressiva e transtorno bipolar e clama por justiça até hoje. Ele foi morto por um tiro na perna, disparado por um policial militar, no dia 3 de maio de 2011. O disparo deveria ser de advertência, mas atingiu-lhe a veia femural.

Ela relata que o Cabo Alex André dos Santos Rodrigues e Sargento Valdenilson Campos Gouveia são os acusados de assassinarem o jovem. “O meu filho não era bandido, ele era limpo, ele era doente, portador de esquizofrenia. Os policiais invadiram a minha casa às 8h30 da noite, sem mandato policial, sem nada e deram dois tiros nele. Foi tudo na minha frente. Eles ainda pegaram uma faca da minha pia e o cabo Alex dos Santos cortou seu próprio braço e sujou a faça de sangue, depois colocaram a faca na mão do meu filho que já estava morto, forjando provas que não existiam. Após tudo isso, eles pegaram o cadáver do meu filho e levaram de lá, dizendo que eles estavam levando para o médico, mas eu já tinha visto que ele estava morto. Os policias jogaram ele dentro de uma mala de viatura e levaram para o pronto socorro da 14 de março e depois deixaram no Renato Chaves. Estou esperando até hoje pela condenação deles, pois nem sair mais na rua tranquila eu posso”, ressalta Maria de Nazaré Meireles.

Além deste caso, temos também o de outra mãe que relata que o ex-companheiro dela, ao qual estavam juntos por cinco anos na época, matou a filha dela no dia 9 de abril de 2005.

“Um dia eu fui trabalhar e ele ficou com a minha filha e o meu filho, e quando eu voltei pra casa, a minha filha tinha sumido, ele já tinha matado ela. A minha casa tinha dois compartimentos, um acimentado, outro com chão batido. Ele premeditou tudo, pois ele matou e enterrou a minha filha lá, no meu quarto, ele jogou cal e carbureto no corpo dela. Bateu na cabeça dela com a enxada e quebrou a coluna da minha filha ao meio, enrolou num lençol e a enterrou. Passou-se um ano e dois meses pra descobrir que tinha sido ele, pois até o momento ninguém desconfiava de nada, pois ele era muito atencioso e se mostrava preocupado e ajudava nas buscas. Eu pensei que ela só tinha sumido por aí, que ela estava viva. Depois eu vendi a casa pra um pastor, e ele disse que ia construir uma igreja. O monstro que matou ela, parou lá na antiga casa e disse que não era pro novo dono cavar em uma parte da casa, pois tinha uma bica de água, mas o pastor não ouviu e mandou cavar do mesmo jeito. Aí quando eles cavaram eles encontraram o corpo da minha filha lá. Depois disso que lutei muito pra colocar ele na cadeia. Ele foi levado a júri popular e foi condenado, mas ele só passou três meses preso na seccional de Icoaraci. Logo que eu descobri eu ele tava solto, eu lutei, fiz passeata, fiz barulho e ele voltou pra prisão, mas ficou só mais três meses. Então eu fico me perguntando, como pode um homem desse, um monstro, frio, calculista, réu confesso, que matou a minha filha dessa forma estar solto. É isso que eu quero que as autoridades me esclareçam, porquê ele está solto até hoje”, relata a mãe da jovem.

O promotor e coordenador do CAO Criminal Ivanilson Raiol, ficou de verificar os casos dessas mães e dar uma resposta o mais breve possível.

 

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Texto e fotos: Kamilla Santos (Graduanda em Jornalismo)
Revisão: Edyr Falcão

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