Pernambuco – MPPE participa de debate sobre problemas da rede de atenção obstétrica e neonatal em Caruaru
O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) participou do II Encontro Discutindo a Rede de Atenção Obstétrica e Neonatal – IV Geres, que ocorreu nesta quinta-feira (27), na Faculdade Maurício de Nassau, em Caruaru. A abertura do evento foi realizada pelos promotores de Justiça Paulo Augusto de Freitas Oliveira, que atua no município, e Édipo Soares, que é coordenador do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça de Defesa da Saúde (Caop Saúde).
Diante de vários prefeitos da região, Paulo Augusto Oliveira alertou para os problemas identificados pelo MPPE nas unidades locais de atendimento obstétrico e neonatal. Segundo ele, Caruaru absorve a instalação de novos hospitais, clínicas e equipamentos, mas também todas as dificuldades derivadas desses investimentos. “A previsão de novas unidades aumenta a esperança de melhoria no sistema de saúde. No entanto, os velhos problemas se repetem e de forma mais intensa”, advertiu o promotor.
Paulo Augusto Oliveira esclareceu que o MPPE se coloca a disposição para ouvir, participar e propor soluções. Só que também exige compromisso para resolvê-las. “Não adianta se livrar do problema culpando a carência de recursos, de estrutura. Quem sofre é a população. Há medidas que não necessitam de verba, apenas de comprometimento”, pontuou.
Ele citou como exemplos um acompanhamento pré-natal de boa qualidade, que reduz os riscos do parto, e o treinamento de enfermeiras obstetras para que recebam a gestante e identifiquem qualquer intercorrência, apontando como solucioná-la. “Temos casos de gestantes parindo em ambulâncias e até no meio da rua, muitas vezes perdendo a criança. Se a rede não funciona bem, precisa ser reformulada. Os gestores devem se desarmar do pessimismo pela crise financeira e, mesmo diante deste cenário, criar métodos de melhorar a rede”, concluiu.
O coordenador do Caop Saúde, Édipo Soares, também reconheceu que a crise econômica prejudica. Porém, pediu que os administradores públicos busquem inovar. Ele expôs a necessidade de união entre os municípios para que seja implantado o modelo de consórcios públicos de saúde. “É uma das apostas como possível solução. Os prefeitos têm que se organizar e deixar de lado até diferenças políticas em prol do bem comum”, comentou Édipo Soares.
Ele ainda lembrou que a população pernambucana elegeu a saúde como preocupação prioritária para as ações do MPPE, na época em que a Instituição colheu os dados para elaborar seu planejamento estratégico. “Dentro do nosso projeto Fiscalizando a Atenção Básica à Saúde, a atenção obstétrica é uma das principais queixas”, revelou o promotor.
O gestor da IV Geres, Djair Pereira, apresentou o diagnóstico estatístico das 32 cidades que compõem a região. Ele também cobrou dos gestores mais interesse nas reuniões que são realizadas para a articulação da rede de saúde. Segundo Djair, há secretários municipais de saúde que não comparecem às discussões há seis meses.
“Um dos objetivos que traçamos é ter uma unidade de referência obstétrica em cada uma das quatro microrregiões que compõem a IV Geres”, disse ele. “Sem integração, dificilmente sanaremos os problemas”, afirmou.