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Operação Dedo de Deus: GAECO denuncia a cúpula do jogo do bicho do Estado do Rio de Janeiro

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) e a Corregedoria Interna da Polícia Civil (COINPOL) desencadearam, nesta quinta-feira (15/12), a Operação Dedo de Deus, com o objetivo de cumprir 60 mandados de prisão preventiva e 125 de busca e apreensão de pessoas envolvidas em crimes relacionados à prática do jogo do bicho. Entre os denunciados estão Aniz Abraão David (“Anísio” ou “Anisio da Beija-Flor”), Luiz Pacheco Drummond (“Luizinho Drummond”), Helio Ribeiro de Oliveira (“Helinho da Grande Rio”) e Mario de Oliveira Tricano, ex-Prefeito de Teresópolis, responsáveis diretos pela organização que envolve os demais denunciados, cada qual em sua área de atuação. Cerca de 600 policiais, 120 Delegados de Polícia e cinco Promotores do GAECO participam da operação, que cumpre prisões e buscas na Capital, Niterói, São Gonçalo, Baixada Fluminense e Região Serrana. Também estão sendo realizadas prisões e buscas em Salvador (BA), Recife (PE) e São Luís (MA).

A investigação teve por base a reunião de dados de diversos inquéritos sobre jogos de azar, depoimentos de testemunhas e escutas telefônicas autorizadas pela Justiça, que revelaram a associação entre os denunciados na forma de quadrilha armada, responsável por uma série de crimes com o propósito de viabilizar e assegurar as estruturas de exploração do jogo do bicho. Entre os crimes praticados pela quadrilha estão os de homicídio qualificado, corrupção ativa e passiva, violação de sigilo funcional, lavagem de ativos e crimes contra a economia popular.

De acordo com a denúncia apresentada pelo GAECO ao Juízo da Vara Criminal de Teresópolis, Município de origem das investigações, “a prática do jogo do bicho não se sustenta sem a prática de crimes desenvolvidos pela quadrilha, principalmente os de homicídio (qualificado) e corrupção de agentes públicos, o que é de conhecimento de todos os denunciados”. Entre os denunciados estão os Policiais Militares Luiz Cláudio Laudino (PM Laudino), lotado no 22º BPM (Maré); Marco Antônio Coelho Anchieta (“Marquinhos do Gás”), lotado no BPChoque; o Policial Civil Eduardo Murilo Dantas Sampaio (“Comissário Dudu”), lotado na 64ª DP (Vilar dos Teles); o Guarda Municipal Aramis Lafere Mesquita, que estava cedido à Delegacia de Duque de Caxias; e o ex-PM Almir José dos Reis.

A investigação da COINPOL identificou a atuação dos denunciados a partir de dezembro de 2010, na cidade de Teresópolis, com ramificações e desdobramentos nos Municípios de Petrópolis, Rio de Janeiro, São João de Meriti, Duque de Caxias, Niterói, Carmo, Nova Friburgo e Nilópolis. A maioria dos denunciados exercia atividades relacionadas à gerência dos pontos, ou como apontadores de apostas, informantes de operações de repressão à atividade, transporte de pessoas relacionadas ao jogo, controladores de pontos, entre outras funções. Além disso, foi constatada a existência de integrantes da quadrilha responsáveis pela aproximação com autoridades e agentes do Poder Público, permitindo a consolidação das atividades ilícitas praticadas.

Foi identificado também que alguns núcleos vinham modernizando a atividade ilícita do jogo através da utilização de máquinas on-line e portáteis, semelhantes às máquinas de cartão de crédito, para recebimento de apostas e transferência dos dados para as centrais de apuração. Este novo sistema permite a operação remota do esquema e o acompanhamento em tempo real das apostas, com a identificação do apontador e do valor arriscado. As provas também indicam uma possível manipulação dos resultados dos jogos, feita pelos criminosos, para limitar a quantidade de ganhadores.

A denúncia aponta que o sistema eletrônico e remoto foi desenvolvido pela Empresa Projeta Tecnologia & Projetos Ltda, sediada na Bahia, e que tem como sócios os denunciados Carlos Eugênio Dias Carreiro, Jose Fernando de Carvalho Junior e Maria Tereza Carvalho Luz. De acordo com as investigações, o sistema virtual de controle de exploração do jogo do bicho não era somente distribuído para o Estado do Rio, mas também para Belém (PA), Brasília, Prudentópolis (PR), Caçapava (RS), Alegrete (RS) e Ji-Paraná (RO). Também foram denunciados administradores de duas empresas gráficas, Raio X Gráfica e Editora Ltda-ME e VP Impressos Laser Ltda, com sede em Recife (PE) e Salvador (BA), respectivamente, que negociaram a venda de grande quantidade de talonários para a exploração convencional do jogo.

De acordo com a Promotora de Justiça Angélica Glioche, a contravenção ligada ao jogo do bicho envolve crimes na disputa por territórios e dinheiro. Segundo ela, a prática dos contraventores de conceder benesses sociais e promover eventos festivos, como o carnaval, acaba blindando os principais membros contra delações de indivíduos que detém conhecimento dos crimes, o que afeta também a esfera processual, ao dificultar a colheita das provas, principalmente a oral.

“Esta investigação comprova que o jogo do bicho não é inocente, movimenta milhões de reais por mês e só se sustenta por conta da existência de crimes mais graves que são de conhecimento por todos aqueles que fazem parte desta quadrilha armada”, afirmou a Promotora de Justiça.

Dos 61 denunciados, apenas Marlene Sennas David não teve a prisão decretada pela Justiça, em razão de idade avançada.

 
 

 

Fonte: MPRJ

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