MPRJ: Operação do GAECO prende 3 acusados de oferecer propina a PM da UPP da Mangueira
Três homens acusados de oferecer propina a um Policial Militar lotado na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Mangueira foram presos na tarde de segunda-feira (8/4). A ação – resultado de uma operação conjunta do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) e da Coordenadoria de Inteligência da PM – prosseguiu nesta terça-feira (9/4), para prender outros integrantes do tráfico de drogas da comunidade, mas os criminosos ainda estão foragidos.
Ao todo, seis pessoas foram denunciadas à Justiça pelo MP, que também requereu a prisão preventiva dos acusados. A investigação foi realizada de forma direta pelo Ministério Público com o apoio da PM e consistiu numa ação controlada com infiltração de agentes e monitoramento das ligações telefônicas, medidas autorizadas pela Juízo da 35ª Vara Criminal.
As medidas fazem parte da Operação Nacional Contra a Corrupção, que o Ministério Público brasileiro deflagra em 12 estados do país através do Grupo Nacional de Combate às Organizações Criminosas (GNCOC). O objetivo é desmantelar esquemas de corrupção. As operações foram desencadeadas na Bahia, Ceará, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pernambuco, Paraná, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Rondônia e São Paulo.
Segundo o Coordenador do GAECO, Alexandre Themístocles, a ação é uma resposta à proposta de emenda constitucional (PEC 37) que pretende tirar o poder de investigação criminal do MP. “O trabalho demonstra que o MP não pode ser tolhido de sua função investigatória”, afirmou o Promotor de Justiça.
Denúncia do GAECO no Rio
No Rio de Janeiro, foram denunciados por corrupção e associação para o tráfico o gerente das bocas de fumo na Mangueira, Jean Carlos Ramos Tomaz, vulgo “Beni”; os irmãos Wagner Palomo Ferreira, vulgo “Waguinho”, e Marcelo Palomo Ferreira, administradores de um bar que atuavam para facilitar o comércio de drogas na região; e Claudio de Oliveira Dias, vulgo “Belo. Os três últimos estão presos.
O MP também denunciou por associação para o tráfico Alexandro Costa Borges, vulgo “Sandro Negão”, homem de confiança do gerente da boca; e o motoboy Jony Ramos, vulgo “Jony”, responsável pelo transporte de drogas na Mangueira.
A tentativa de corrupção ocorreu no fim de julho de 2012 quando Wagner ofereceu propina a um PM que atuava na UPP da Mangueira, dentro de seu bar. O objetivo era evitar o patrulhamento do local e a repressão ao tráfico de drogas na comunidade. A oferta foi comunicada ao comando da UPP, tendo início a operação para identificar os demais criminosos.
As negociações foram feitas por meio de um telefone comprado por Marcelo e entregue ao policial. No dia 8 de setembro, Marcelo avisou que o contato seria feito por volta de 20h. De acordo com as investigações, Jean Carlos informou ao PM sobre o acordo e perguntou sobre o valor desejado “para que ele não atrapalhasse os negócios”. Em continuidade à ação controlada, o policial infiltrado “garantiu” que não haveria patrulhamento ostensivo no local.
Jean voltou a entrar em contato no dia 24 de setembro reclamando que as viaturas da UPP estariam atrapalhando o negócio. Em seguida definiu o valor de R$ 700 semanais para facilitar as atividades ilícitas da boca de fumo da localidade. O dinheiro foi entregue pelo denunciado Cláudio de Oliveira Dias em um bar nas proximidades do Maracanã. A negociação foi filmada e mostra Cláudio entregando o dinheiro para fechar o suposto acordo.
A ação também contou com agentes da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI) do MPRJ. Os presos foram encaminhados para a 17ª DP (São Cristóvão). Esta é a segunda vez que uma ação no estado entre o GAECO e PM conta com um agente infiltrado nas investigações. A primeira foi no combate ao tráfico na operação denominada “Conexão Mandela”.
Além de Themístocles, a denúncia é assinada pelos promotores Rogério Lima Sá Ferreira e Marcelo Muniz Neves. No fim da manhã desta terça-feira, os Promotores de Justiça prestaram esclarecimentos sobre a ação ao lado do Tenente-Coronel Jorge Goulart, da Coordenadoria de Inteligência da PM; do Comandante da UPP da Mangueira, Capitão Leonardo Nogueira; e da Porta-voz da PM, Major Elaine Baldanza.
Operação Robusta desarticula quadrilha que atuava em três Estados
Além da ação que prendeu integrantes da quadrilha de traficantes na Mangueira, outra ação do MPRJ integrou a Operação Nacional Contra a Corrupção. Em uma atuação conjunta, os MPs do Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais, as secretarias de Fazenda e as polícias civis dos três estados realizaram, a “Operação Robusta” para combater a sonegação fiscal na fraude de impostos estaduais na compra e venda de café em estado bruto ou em grãos. No Rio, a operação foi desencadeada pela Coordenadoria de Combate à Sonegação Fiscal do Ministério Público do Estado (COESF), em conjunto com da Delegacia Fazendária da Polícia Civil e do Departamento da Receita da Secretaria de Fazenda.