BELÉM: MP oferece denúncia contra PMs e pede prisão de envolvidos em extorsão
O 2º promotor de Justiça Militar do Ministério Público Estadual, Armando Brasil Teixeira ofereceu, no último dia 27, ao juiz de direito da Justiça Militar do Estado, denúncia contra os policiais militares Luan da Silva Gomes, Édson Campos de Lira, Charles dos Anjos de Assis, Alberto Ramos de Carvalho, Luís Cláudio Nunes Pereira, Paulo Sérgio Luco Souza e Cassius Alessandro de Oliveira Lopes.
São acusados pelo crime de concussão pela tentativa de extorsão os policiais militares Luan Gomes, Edson Lira, Charles dos Anjos, Alberto Carvalho e Luís Cláudio Nunes, e pelo crime de prevaricação os policiais Cassius Lopes e Paulo Sérgio por terem se omitido e não investigarem a denúncia recebida na Corregedoria da PM feita por Valdeni Landeira, esposa de uma das vítimas extorquidas pelos policiais no dia 26 de agosto de 2013 e que veio a ser assassinada dias depois.
O Ministério Público Militar requereu o recebimento da denúncia citando os acusados para se defenderem com dia, hora e local para serem interrogados; a decretação da prisão preventiva de Charles dos Anjos, Alberto Carvalho e Luís Cláudio Nunes; notificação das testemunhas para serem inquiridas; encaminhamento de cópia integral dos autos à Justiça comum – Tribunal do Júri- para apuração e julgamento eventual de crime doloso contra a vida de civil.
A Justiça acatou ontem o pedido de prisão preventiva e os três acusados (Charles, Alberto e Luís Cládio) já estão recolhidos, juntamente com Luan e Édson, esses dois últimos presos logo no início das investigações.
Histórico
Os policiais abordaram, em agosto desse ano no bairro do Jurunas, quatro pessoas em um carro gol e solicitaram documentos. Entre os ocupantes do carro estava Márcio José Barbosa da Silva, conhecido como “Barão”, recém saído da detenção, que não estava no momento com o alvará de soltura e o motorista Rafael Pantoja que não possuía habilitação, eles foram vítimas de extorsão pelos policiais que pediram dois mil reais ou uma televisão LED para liberá-los, com a ameaça de forjar um flagrante mostrando vários pacotes de drogas, caso não recebessem a quantia.
De acordo com as investigações do MP, os policiais Edson de Lira e Luan da Silva Gomes lideraram a extorsão, em seguida os PMs liberaram o filho e sobrinho de Márcio José, o “Barão” para que fossem atrás do dinheiro. Em seguida Vanielson de Freitas ligou para sua mãe Valdeni Joana Lourinho Landeira e relatou o ocorrido. Valdeni Landeira se dirigiu para Corregedoria da PM para denunciar o caso.
Enquanto estava na Corregedoria, Valdeni Landeira recebe a segunda ligação, com ameaças por parte de Charles dos Anjos de Assis dizendo que iria forjar um flagrante caso não recebesse o dinheiro, ligação em viva voz que teria sido ouvida pelo cabo Paulo Sérgio e outro policial. O cabo em seguida repassou a informação para o Capitão Cassius Alessandro de Oliveira Lopes, que entrou em contato com os PMs determinando que liberassem Márcio José e Rafael Pantoja, não realizando o flagrante denunciado ou qualquer medida para apurar os fatos.
“Tanto o Capitão Cassius com o Cabo Paulo Sérgio omitiram-se em seus deveres funcionais, com o intuito de proteger a situação jurídica dos denunciados, que não foram presos em flagrante em nome do nefasto corporativismo. Eles demonstraram possuir interesse pessoal em que o delito de concussão não fosse autuado em flagrante, seja visando à manutenção do corporativismo na instituição, seja visando alguma potencial vantagem econômica oriunda do valor a ser extorquido” afirma o promotor de Justiça Armando Brasil.
Menos de uma semana depois, a esposa de Márcio José, Valdeni Landeira foi assassinada em um bar por motoqueiros que dispararam sete tiros, a suspeita é que o crime foi motivado pela denúncia feita pela vítima à Corregedoria.
Leia aqui a denúncia na íntegra.
Texto: Jessica Barra (Graduanda em jornalismo)
Revisão/ edição: Edyr Falcão
Foto: Assessoria de imprensa
Foto: Assessoria de imprensa