PARÁ: PJ Família faz nova ação de registros de paternidade em Defesa da Filiação nas Escolas
Apesar da queda de energia durante o atendimento, as mães – que compareceram na chamada feita pela Promotoria de Justiça de Família – puderam concluir as exigências do reconhecimento da paternidade
A 7ª promotora de Justiça de Família, Maria de Nazaré Abbade Pereira, deu continuidade na agenda do projeto Defesa da Filiação nas Escolas Públicas de Belém, nesta quarta-feira, 22, na Escola Municipal Alzira Pernambuco, no bairro do Marco. De acordo com a diretora da escola, Karla Gouveia, dos 77 alunos sem o registro de paternidade, apenas oito não foram contatados.
Apesar do empenho por parte da equipe da instituição em comunicar os responsáveis das crianças que não possuem o registro, apenas cinco pessoas atenderam ao chamado da Promotoria de Família.
Reforço na Gestão
Fabíola Farias e Ruth Lobato, coordenadoras pedagógicas, e a diretora Karla Gouveia
Há um ano como diretora da escola Alzira Pernambuco, foi agora em sua gestão que Karla Gouveia teve o primeiro contato com a ação da paternidade feita pelo Ministério Público. A diretora comenta que o núcleo pedagógico costuma reforçar a necessidade da entrega da certidão de nascimento durante o ato da matrícula dos alunos – ainda que a falta do documento não impeça o registro.
Ela confessa que, apesar de ter tido uma noção de quantas crianças não tinham o registro do pai, foi só com o levantamento feito pela equipe de gestão – após o MPPA ter expedido ofício a eles – que checou a realidade de 77 alunos em falta com o reconhecimento paterno.
Em seus 5 anos como gestora em outras instituições, a destacar a Unidade Pedagógica e a Escola Rotari, Karla reconhece a importância do projeto na vida de muitas crianças. Inclusive muitos alunos que passam por situações delicadas principalmente em dias comemorativos, como o dia dos Pais.
“A gente sabe da importância dos pais. Tanto a mãe quanto o pai são importantes. Vivenciamos situações em que até mesmo alunos comemoram os dias dos pais de forma acanhada”, conta a diretora.
Não são apenas situações como essas que podem motivar a determinação de uma mãe em busca do registro de paternidade para o seu filho. As crianças próprias procuram insistir e indagar suas genitoras de forma que só elas sabem.
Em busca da paternidade
Paula Garcia, 25, conta que precisou passar por cima do próprio orgulho e aceitar o pedido do filho mais velho que, na época em que o pai do garoto morreu em 2012, tinha sete anos. Hoje com três empregos, a moradora do bairro da Pedreira, há quatro anos, não mantinha contato com o pai do garoto. Soube da morte do rapaz por parte de terceiros.
Paula conta que ele insistia muito em querer fazer parte da vida da criança. Quando a saúde piorou, ele percebeu que poderia contribuir de alguma forma mesmo não estando mais vivo e já cogitava realizar o registro paterno, mas quando procurou pela mãe do garoto foi tarde demais.
Hoje, no entanto, ela pode dar uma satisfação ao seu filho que tanto cobrou pela presença e o nome do pai em sua vida. “Tive que passar por cima do meu orgulho e resolvi vir porque meu filho está me cobrando”.
Algo curioso e semelhante aconteceu com Renata Farias, 27, que insistia em não querer reconhecer o pai de sua filha de 9 anos. Quando se envolveu com o rapaz e, seis meses depois, cortou qualquer tipo de relação com ele, ela deixou claro que eles não teriam qualquer tipo de contato um com o outro. Apesar de ser descrito como um pai atencioso e muito coruja, Renata teve que passar pela vontade da família em exigir liberdade para ela e a criança, longe do rapaz com quem se envolveu.
Com o tempo, a criança questionava o porquê do irmão mais novo ter o registro do pai em sua certidão e ela não. Na época, a menina tinha apenas 7 anos e já indagava coisas que há muito Renata queria esquecer.
Apesar das insistências esporádicas, foi com a chamada feita pela Promotoria de Justiça de Família que Renata decidiu ceder às pressões de sua filha. Antes contra o registro, foi por causa de sua filha que ela superou o forte orgulho de mãe e respeitou o direito da filha.
Texto e fotos: Fernanda Palheta (graduanda em jornalismo)
Revisão: Edson Gillet
Assessoria de Imprensa