GAECO denuncia filha de contraventor e ex-oficiais do BOPE
O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) denunciou ao Juízo da 2ª Vara da Comarca de Cachoeiras de Macacu uma quadrilha integrada por um policial civil, quatro policiais militares e outras duas pessoas, liderada por Shanna Harrouche Garcia, filha do contraventor Waldemir Paes Garcia, o “Maninho”, morto em 2004. O grupo é acusado de formação de quadrilha armada e tentativas de homicídio qualificado. A denúncia aponta Shanna como a líder da organização criminosa, que mantém a exploração ilícita do jogo de caça-níqueis, função exercida após a morte do pai e do marido José Luiz de Barros Lopes, conhecido como Zé Personal. Desde o início da manhã desta terça-feira (20/12), 95 agentes cumprem oito Mandados de Prisão e 11 de Busca e Apreensão, no município do Rio. Batizada de Operação Tempestade no Deserto, a ação é um trabalho conjunto da Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Estado de Segurança Pública (SSINTE), Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (DRACO-IE) e GAECO do Ministério Público.
De acordo com a denúncia, Luís Carlos Felipe Martins, o Policial Civil Carlos Daniel Ferreira Dias e os Policiais Militares Adriano Magalhães da Nóbrega, João André Ferreira Martins e Marcelo Alves da Silva tentaram matar Rogério Mesquita e outras três pessoas na madrugada do dia 10 de maio de 2008, por ordem de Shanna, no entroncamento da Estrada Vecchi com a Rodovia RJ-122. O crime foi praticado por motivo torpe, na disputa do espólio criminoso do bicheiro Maninho, no qual Rogério Mesquita estaria relacionado por ter sido considerado amigo íntimo do contraventor. Na ocasião, as vítimas conseguiram fugir, apesar de um dos carros que as transportavam ter sido atingido por 37 tiros. Outro denunciado, Jorge Antônio dos Santos, também teria envolvimento na tentativa de homicídio por ter acompanhado os demais até o local da emboscada.
O outro Policial Militar denunciado é Pedro Paulo dos Santos Fernandes, vulgo “Pedro Fu”. Ele integra a quadrilha com os demais denunciados e teria a função de “segurança” de Shanna. Ele também seria responsável por saldar as despesas de manutenção da Fazenda Haras Modelo, de propriedade da filha de Maninho, local onde eram armazenadas as armas da quadrilha. Já Adriano Magalhães da Nóbrega, Capitão da PM, exercia a função de “chefe da segurança” de Shanna. Adriano e João André são ex-oficiais do Batalhão de Operações Especiais (BOPE). Segundo a denúncia, os policiais utilizavam tanto armamento pessoal quanto armas de origem clandestina nas atividades criminosas exercidas pela quadrilha.
Policial Civil preso escoltando traficantes da Rocinha também está envolvido
Carlos Daniel Dias, que era lotado na Delegacia de Repressão a Crimes contra a Saúde Pública, foi preso em novembro deste ano, às vésperas da ocupação da favela da Rocinha, escoltando os traficantes conhecidos como Coelho e Peixe, braços-direitos do traficante Nem. Rogério Mesquita acabou sendo assassinado em janeiro de 2009, em Ipanema, oito meses depois do atentado planejado por Shanna.