PARÁ: MPPA oferece denúncia contra o “Monstro do Poço”
O Ministério Público de Salinópolis, por meio do 1º Promotor de Justiça, Laércio Guilhermino de Abreu, na data de hoje (19) ofereceu denúncia em caso de grande repercussão na sociedade, que ficou conhecido como o caso do “Monstro do Poço”, imputando ao autor os delitos do artigo 121, § 2º, I, III e IV do CPB c/c art. 1º, I, parte final, da Lei nº 8072/1990 e art. 211 do CPB, e art. 211 do CPB, em concurso material de crimes, na forma do art. 69 do CPB, com base no que restou coligido nos autos do Inquérito Policial (IP) registrado no âmbito do Judiciário na forma de homicídio triplamente qualificado.
O inquérito policial que embasou a denúncia, inicialmente foi instaurado para apurar as circunstâncias do desaparecimento de uma vítima.
A investigação desencadeou-se a partir do registro de ocorrência feito pelo pai da vítima, no dia 11.02.2015, que relatou o desaparecimento de sua filha desde o dia 06.02.2015.
E de inicio o fato foi tratado como desaparecimento de pessoa, sem ainda indícios de um homicídio, desvendado posteriormente.
No curso da investigação, após colheita de diversos depoimentos, principalmente de pessoas próximas da vítima e do autor, algumas delas amigas comuns, constatou-se que o até então suspeito, ora denunciado, fora a última pessoa a ser vista com a vítima desaparecida ainda com vida, sendo que o denunciado, ao ser inquirido pela 1ª vez, ainda sob a linha de investigação de desaparecimento de pessoa, confirmou que efetivamente havia dado carona à vitima, mas alegou que a deixara no trevo de Salinópolis e não mais a encontrou, acrescentando que supostamente teria arranjado um trabalho no Estado de Rio Grande do Sul. Ademais outras duas testemunhas confirmaram terem visto o denunciado juntamente com a vítima no dia 06.02.2015, data de seu desaparecimento.
DILIGÊNCIAS – Após inúmeras diligências, no dia 25.02.2015, eis que uma testemunha compareceu a Delegacia Policial (Depol) local e registrou que estava andando na propriedade do até então suspeito, ora denunciado; tendo encontrado vegetação batida perto de um poço e que ao se aproximar, deparou-se com resto mortal de uma pessoal, do sexo feminino, já em estado avançado de decomposição, que mais tarde veio a ser identificado e reconhecido como os restos mortais da vitima desaparecida.
A investigação policial aprofundou as diligências quanto ao relacionamento do denunciado com a vítima e o perfil psicológico do denunciado, donde se concluiu que o mesmo mantinha relacionamento especial com a vítima, indicando que tinha interesse amoroso, mas não correspondido, eis que a vítima o tinha como amigo, o que, provavelmente, o levou a dar cabo da vida da vitima, bem assim que o denunciado possui temperamento extremamente agressivo, sendo ainda revelado outras facetas, quais sejam: de ser um sujeito inteligente, manipulador das pessoas, e ao mesmo tempo apresentar rompantes de ódio e que não consegue conter sua fúria, demonstrando em um primeiro momento nutrir carinho pelas mulheres com que se relaciona, mas ocultando a sua verdadeira intenção, de forma dissimulada.
Diante desse contexto fático e probatório é que o Ministério Público, levando-se em conta a existência de materialidade e fortes indícios de autoria em relação ao até então suspeito/indiciado ofereceu denúncia contra o mesmo, por Homicídio Triplamente Qualificado pelo motivo torpe, meio cruel, dissimulação – fórmula casuística e recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa da vítima, considerado crime hediondo, bem como por ocultação de cadáver, em concurso material de crimes.
O poço onde foi encontrado o corpo da vítima fica na propriedade do denunciado, acrescentando-se que durante outras escavações em outros poços existentes no terreno, foram encontradas outras duas ossadas de humanos do sexo feminino, havendo fortes indícios de que se tratam de ossadas de outras duas mulheres igualmente desaparecias há um certo tempo, e com as quais o denunciado mantinha relação próxima; e do mesmo modo teria sido visto com as mesmas ainda com vida, fato objeto de outros dois inquéritos policiais, ainda em fase de conclusão e no aguardo, dentre outras diligências, dos exames de comparação de DNA das ossadas com o DNA dos familiares.
Texto e foto: PJ de Salinópolis
Edição: Assessoria de Imprensa