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SANTA CATARINA – Com 167 anos de história, teatro mais antigo do estado é restaurado com recursos do FRBL e pode voltar a ser palco de espetáculos para a comunidade

Depois de oito anos fechado por problemas estruturais, o Teatro Adolpho Mello, de São José, o mais antigo de Santa Catarina e o terceiro mais antigo do Brasil, com 167 anos de história, está pronto para ser novamente palco de espetáculos. O prédio foi recuperado por meio de um projeto de restauro aprovado e financiado pelo Fundo para Reconstituição de Bens Lesados (FRBL), do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC).  

A requalificação do teatro teve o investimento de R$ 485 mil do fundo e de R$ 1 milhão e 187 mil da Prefeitura de São José. As obras principais ocorreram durante o ano de 2020 e solucionaram problemas estruturais, restauraram o telhado, as fachadas e as esquadrias da construção, além de outras adequações e obras, como a execução de projeto elétrico, hidrossanitário, de drenagem, sonorização e climatização. 

Os recursos vindos do FRBL são importantes para a realização de projetos que são de interesse da sociedade e que, muitas vezes, não poderiam ser executados devido à falta de recursos. A Superintendente da Fundação Municipal de Cultura e Turismo de São José, Gilmara Vieira Bastos, ressalta que, mesmo com a vontade da administração pública de manter e restaurar os equipamentos de cultura, preservar essas estruturas pode representar um grande investimento, o que nem sempre é possível para os órgãos públicos. 

A superintendente conta que o recurso obtido junto ao FRBL foi necessário por se tratar de um restauro, o que torna mais criterioso e caro o trabalho do que somente em uma reforma. “Aqui no centro histórico, os recursos do FRBL foram muito importantes, muito importantes mesmo, não somente para o teatro”, ressalta. A Prefeitura de São José executou outros projetos beneficiados pelo fundo, o que possibilitou a preservação do patrimônio histórico e cultural do município, como a revitalização do Beco da Carioca (veja aqui).

Teatro Adolpho Mello estará aberto a visitações em breve 

As obras principais foram entregues no final de 2020, mas algumas adequações necessárias ainda estão em finalização. A superintendente explica que a equipe responsável pelas obras está concluindo alguns itens de segurança que devem ser finalizados até o final do mês de julho.  

Assim, e também em função das restrições da pandemia, o teatro, que conta com 103 lugares, ainda não está recebendo espetáculos. Mesmo sem a apresentação de peças, ele já está em uso: a fundação já fez o lançamento de livros, permitiu a transmissão de espetáculo ao vivo pela internet, além de alguns grupos já terem utilizado o espaço para ensaios. 

Com a finalização de todos os equipamentos de segurança, o espaço deverá ser aberto à visitação pública ainda no mês de julho, com a volta da Feira da Freguesia, que acontece em frente ao prédio histórico, na Praça Hercílio Luz.

Uma personagem real do Teatro Adolpho Mello

“O Theatro Adolpho Mello é um espaço mágico e sagrado para todos nós, amantes da arte. Para mim é um privilégio poder trabalhar num lugar histórico como este. Parece que todos os artistas que por ali já passaram permanecem com sua energia nos acolhendo com tanta coragem de estarmos sempre lutando por ele”. É assim que a professora de teatro Erica Veiga fala sobre o prédio histórico.  

Erica entrou pela primeira vez no Teatro Adolpho Mello em 1982, quando veio de Minas Gerais para Santa Catarina. Recém-chegada em São José, começou a frequentar o espaço, que na época abrigava um cinema. “Era lindo. Ali passavam filmes selecionados de grandes diretores”, lembra. 

Anos mais tarde, entre 1993 e 1995, a professora formou-se em Artes Cênicas e passou a frequentar o lugar não para assistir a filmes, mas para ministrar, com colegas, oficinas gratuitas de teatro. “A Prefeitura começou a oferecer oficinas de teatro gratuitas para a comunidade. Eu e mais algumas poucas pessoas, com muito trabalho, iniciamos as oficinas de teatro. Mas não era só eu que dava aula. Tinha a Mariângela Leite e Charles Colzani, também professores junto comigo”, conta. 

A professora conta que, com o restauro e a reforma, a estrutura melhorou muito. Ela destaca os banheiros, camarins e ar condicionado. “Para as oficinas, então, foi o que de melhor poderia acontecer”, completa. 

Linha do tempo

Elaborada por Rafael Barcelos Martins, historiador e diretor do Museu Histórico de São José. 

  • A edificação foi usada exclusivamente como casa de espetáculos de 1856 até a primeira década do século XX.  
  • A primeira grande reforma vem em 1924, quando o estilo do casarão colonial é alterado para o estilo neoclássico. É dessa época a inclusão da platibanda.  
  • Um ano depois, em 1925, ele é reaberto como cinema, funcionando até 1937 como Cine York e depois como Cine Rajá, de 1948 até 1979. Nessa data a edificação já se encontrava com sérios problemas estruturais.  
  • No início da década de 1980 ocorre a última grande reforma antes do atual restauro de 2020. Naquele período o prédio é declarado como de utilidade pública, ficando sob a tutela do Estado de Santa Catarina por 10 anos.  
  • Em 1981 ele é reaberto ao público como sede do CineClube Nossa Senhora do Desterro, recebendo em 1982 o nome de Adolpho Mello em homenagem ao grande violinista e compositor josefense.  
  • Em 1984 o CineClube deixa o Adolpho Mello e vai para o Centro Integrado de Cultura (CIC). 
  • Em 1989 o teatro volta a ser administrado pelo município de São José.  
  • Em 2005 é declarado como patrimônio cultural de São José por meio do tombamento e, por fim, é interditado pela Defesa Civil em 2013 e reinaugurado em 23 de dezembro de 2020. 

FRBL: FUNDO QUE RESSARCE E BENEFICIA A SOCIEDADE 

Em Santa Catarina, o dinheiro proveniente de condenações, multas e acordos judiciais e extrajudiciais por danos causados à coletividade em áreas como meio ambiente, consumidor e patrimônio histórico é revertido ao Fundo para Reconstituição de Bens Lesados (FRBL), que financia projetos que atendem a interesses da sociedade. 

O objetivo principal do FRBL é custear projetos que previnam ou recuperem danos sofridos pela coletividade, em áreas como meio ambiente, patrimônio histórico, cidadania e segurança pública. 

O FRBL é administrado por um Conselho Gestor, presidido pelo MPSC e composto por representantes de órgãos públicos estaduais e entidades civis. Os representantes de órgãos públicos são permanentes e os de entidades civis são renováveis a cada dois anos, mediante sorteio público. 

Para um projeto ser contemplado com os recursos do FRBL, é preciso passar por algumas etapas: apresentação de projeto, análise, aprovação e celebração de convênio, execução de convênio, liberação e movimentação de recursos e prestação de contas.   

No caso do Teatro Adolpho Mello, o FRBL contemplou a proposta de restauro e reforma apresentada pela Prefeitura Municipal de São José. Após a análise, o projeto foi aprovado por atender a todos os requisitos necessários. 

O fundo recebe projetos de órgão públicos conveniados, que podem apresentar propostas a qualquer momento, e de organizações da sociedade civil que podem acessar os termos de fomento por meio de editais de chamamento público com temas específicos.     

SAIBA MAIS SOBRE O FRBL AQUI!

 

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