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SANTA CATARINA: “Lei do Silêncio” inibe denúncias de crimes sexuais contra crianças e adolescentes

Na data em que se lembra o Dia Nacional de Combate à Exploração Sexual Infantil, 18 de maio, o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) alerta para a conscientização da necessidade de denunciar os casos de crimes sexuais praticados contra crianças e adolescentes, já que a “Lei do Silêncio” é uma grande inibidora na luta contra a prática desse grave crime.

Segundo informações do Centro Operacional de Apoio da Infância e Juventude (CIJ), em 2014, o MPSC instaurou 1.673 processos/procedimentos criminais de violência sexual, cujas vítimas foram crianças e adolescentes. A coordenadora-adjunta do CIJ, Promotora de Justiça Bárbara Elisa Heise, explica que além desses dados estatísticos, o número de casos que continuam ocultos ainda são muito representativos.

Estudos indicam que as notificações correspondem a apenas 10% do total de casos reais e os 90% restantes representam a “cifra negra” dos crimes sexuais contra crianças e adolescentes.

Os motivos que levam à cumplicidade silenciosa dos envolvidos são vários. O coordenador do CIJ, Promotor de Justiça Marcelo Wegner, ressalta que o agressor faz a criança se sentir culpada e intimidada, com medo de piorar a situação ao fazer a denúncia. “Geralmente elas têm medo das ameaças feitas pelo abusador, prevalecendo a lei do silêncio”, comenta.

Outra atitude que também faz parte da denominada “Lei do Silêncio” é a conivência da família, a qual fica envolvida por sentimentos semelhantes de medo, vergonha, culpa e receio de denunciar.

O Promotor de Justiça enfatiza, ainda, que é preciso ficar atento a determinados comportamentos, os quais podem evidenciar a ocorrência de crimes sexuais. Ele destaca que existem indicadores físicos e emocionais a serem observados, como a mudança repentina de comportamento e humor, perturbação do sono, pesadelos, agitação, timidez excessiva, tristeza ou choro sem causa aparente, baixa autoestima e dificuldades de concentração e de adaptação na escola.

Wegner enfatiza que a sociedade tem um importante papel no processo de enfrentamento dos crimes sexuais e que existem meios seguros de notificar as autoridades da ocorrência de práticas de abusos. Segundo ele, o Disque 100 preserva a identidade do denunciante e efetua o encaminhamento, num prazo de 24 horas, à Polícia Civil, aos Conselhos Tutelares e ao Ministério Público.

O serviço de Disque Denúncia Nacional de Abuso e Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes funciona 24 horas, todos os dias da semana, e é gratuito. O serviço é coordenado e executado pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República.

Além do Disque 100, os casos também podem ser denunciados no Conselho Tutelar, na Polícia Militar, na Polícia Federal, na Polícia Rodoviária Federal e nas Delegacias da Polícia Civil. As situações de pornografia na Internet também podem ser denunciadas por meio dos siteswww.disque100.gov.br e www.safernet.org.br

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