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SANTA CATARINA – Palestra de abertura do FCCIAT em 2018 defende uma ciência-cidadã

Em 2013, a organização americana EWG publicou um estudo que mostra os 12 agrotóxicos com o maior potencial de antecipação da puberdade em jovens. Uma pesquisa como essa é de extrema relevância social, para que as pessoas tomem ciência dos efeitos dessas substâncias em sua rotina. Porém, um conhecimento como este acaba ficando restrito a ambientes como laboratórios ou universidades. Fazer estes dados chegarem à população em geral, de forma compreensiva, tende a ser um desafio, e para o professor Leonardo Melgarejo o caminho é a promoção de uma “ciência-cidadã”. Este conceito foi um dos temas principais da palestra “Impacto dos Agrotóxicos e Transgênicos” que aconteceu na primeira reunião plenária do Fórum Catarinense de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos e Transgênicos (FCCIAT) em 2018.


O professor Leonardo Melgarejo é engenheiro agrônomo; mestre em economia rural e doutor em engenharia de produção. Entre 2008 e 2014, foi membro da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). Atualmente, é professor colaborador do Mestrado em Agroecossistemas, da Universidade Federal de Santa Catarina.

Sobre a ciência-cidadã, Leonardo explicou-a como “uma ciência que ajuda a construir o conhecimento científico, envolvendo a sociedade e as academias. É a aproximação de vários segmentos da sociedade gerando conhecimento científico emergente para construir decisões conscientes. E é um prazer ver que vocês aqui do FCCIAT vem ajudando a construir uma ciência-cidadã aqui em Santa Catarina”, apontou o professor.A pesquisa sobre as 12 substâncias que mais provocam alterações hormonais foi usada como um exemplo desta ciência-cidadã. “São informações técnicas que as universidades têm conhecimento e que repassadas à sociedade de maneira clara informariam de que modo podemos evitar os efeitos dessas substâncias”, defendeu Leonardo.

Leonardo destacou que estudos como este podem contrariar alguns interesses e mobilizar alguns setores da economia. Setores que, segundo ele, estão dominando o campo científico, gerando conflitos de interesses nos resultados das pesquisas científicas. O professor exemplificou os conflitos de interesse em situações como quando o pesquisador está na folha de pagamento do laboratório citado na pesquisa, quando a pesquisa recebeu financiamento de alguma empresa, ou quando há um relacionamento entre o pesquisador chefe e uma das empresas avaliadas.

A plenária

Além da palestra, o Fórum Catarinense de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos e Transgênicos aprovou, em votação, a entrada da empresa Slowfood no grupo. Foi deliberado também que durante 2018, as reuniões do grupo continuarão acontecendo na primeira sexta-feira do mês, a cada dois meses, conforme prevê o estatuto.

O Fórum decidiu por unanimidade apresentar uma série de questionamentos a Secretaria da Saude a respeito do funcionamento do Laboratório Central de Saúde Pública de Santa Catarina (LACEN/SC), já que o órgão, em razão da falta de recursos, não vem realizando análises de monitoramento de alimentos. De igual modo, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) será questionada sobre a forma e periodicidade de divulgação dos resultados do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA), já que no último relatório só foram analisados os riscos agudos (momentâneos) e não os crônicos (a longo prazo).

Para ajudar no planejamento de ações que o Fórum debaterá em 2018, a Coordenadora do FCCIAT, Promotora de Justiça Greicia Malheiros da Rosa Souza, apresentou uma proposta de plano de ações. Ficou estabelecido que o documento será encaminhado aos participantes do grupo para apreciação e votação na próxima plenária.

Além de deliberar ações para os próximos meses, o Fórum relembrou o nome de Anestor Mezzomo, Procurador do Ministério Público do Trabalho (MPT) e um dos fundadores do FFCIAT. Ele faleceu em um acidente de carro em janeiro.

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