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SANTA CATARINA: Terceiro volume da série Histórias de Vida é o primeiro livro no Brasil prefaciado por Camille Paglia

A obra, que reúne 17 entrevistas com Promotoras e Procuradoras de Justiça e uma Servidora do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), será lançada no dia 22 de outubro na sede da Procuradoria-Geral de Justiça.

O prefácio de Camille propõe uma síntese da trajetória de conquistas das mulheres, além de transitar com desenvoltura sobre a representação da mulher jurista e advogada nas artes e no cinema. A professora da Universidade de Artes da Filadélfia conquistou fama global depois da publicação da sua tese de doutorado em 1990, Personas Sexuais, defendida anos antes e orientada na Universidade de Yale nos Estados Unidos pelo crítico literário Harold Bloom.

Para o Consultor do Memorial da Instituição, Historiador Gunter Axt, o prefácio assinado por Camille tem uma grande importância tanto no sentido de reconhecimento do trabalho realizado quanto na chance de sua repercussão. “Para nossa honra este é o primeiro livro que ela prefacia no Brasil. Camille já foi considerada uma das 100 mulheres mais influentes do mundo, uma intelectual respeitadíssima, uma acadêmica séria, mas também uma ensaísta com pensamento muito livre, o que a torna uma grande polemista. As coisas ditas por ela afetam diretamente a vida as pessoas e geralmente provocam debates animados”, afirma o Consultor do Memorial.

Gunter conheceu Camille em decorrência da colaboração na curadoria de seminários internacionais realizados em Porto Alegre, em São Paulo, em Salvador e em Olinda. “Em função dessas experiências, estive em contato com personalidades globais de várias áreas e com algumas pessoas se estabeleceram relações de amizade e colaboração acadêmica. Eu e Camille costumamos nos corresponder regularmente desde 2007, a entrevistei várias vezes e a convidei para vir ao Brasil palestrar algumas vezes”, lembra Gunter.

Camille Paglia, que passou em setembro por São Paulo, já esteve no Brasil em oito oportunidades. Gunter conta que a ideia do prefácio nasceu naturalmente, pois na medida em que avançava a análise do conteúdo das entrevistas na introdução do livro percebeu que havia conexões com algumas teses de Camille: “convidei-a e ela gentilmente aceitou”.

Citações Prefácio

“Nos Estados Unidos, depois da conquista do direito de votar, por meio de uma emenda constitucional, em 1920, houve um aumento de mulheres optando por profissões masculinas. Este foi na minha opinião, o melhor e mais produtivo período do feminismo – quando as mulheres expressaram abertamente admiração pelas conquistas do sexo masculino e exigiram simplesmente a oportunidade de igualá-las ou ultrapassá-las.”

“Hoje, as principais questões enfrentadas pelo feminismo são: a mulher é uma vítima, mutilada pelos horrores da história, ou ela é agente capaz e resiliente, responsável por suas próprias ações e desejos? Em que medida o Estado deve atuar para promover o avanço das mulheres da sociedade? As quotas legalmente impostas e outros tratamentos preferenciais são autenticamente progressistas, ou são reacionários, paternalistas e infantilizadores? As mulheres devem, tendo escapado do controle de pais e maridos, transferir essa dependência humilhante para a burocracia labiríntica do Estado? Ou as mulheres devem, como testemunho, de sua própria força e coragem, valorizar a liberdade acima de tudo, apesar de sua dor e risco?”

“Hoje há um novo dilema frente à Justiça de olhos vendados: o gênero deve ser visível ou invisível para a lei? As mulheres devem, na busca pelo objetivo nobre da igualdade, ser tratadas exatamente da mesma forma que os homens ou devem receber privilégios e proteções especiais da lei? E, neste caso, a base para essa distinção de gênero é biológica ou cultural? Este argumento, que tem dividido o feminismo, não será resolvido tão cedo.”

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